Alimentação saudável para vencer o câncer

Há cerca de um ano a Abrace decidiu intensificar suas ferramentas de combate e tratamento do câncer infantojuvenil e iniciou uma horta de orgânicos em sua sede

Publicado dia 24/03/2020 às 09h00min

Há cerca de um ano a Abrace decidiu intensificar suas ferramentas de combate e tratamento do câncer infantojuvenil e se dedicou a uma ideia que já tinha sementes na instituição: uma horta orgânica. Desde então a ideia cresceu, ganhou a parceria da Fundação Banco do Brasil na contratação do Instituto Arapoti, mais estrutura e floresceu. Em umano foram mais de 5 mil itens entregues e a média de 30 a 40 cestas por semana, dependendo da safra da estação.

A Abrace possui em sua sede uma Casa de Apoio que acolhe crianças que não residem em Brasília, com um acompanhante, durante o tratamento. A horta de alimentos orgânicos garante o abastecimento da Casa, além de ser distribuída para famílias assistidas que residem no Distrito Federal e entorno durante a consulta com a assistente social, proporcionando uma alimentação saudável, com diversas hortaliças e folhagens que auxiliam durante o tratamento.

A presidente da Abrace, Maria Angela Marini, destaca que o projeto surgiu a partir da preocupação fundamental com as crianças e famílias assistidas. “Nós precisamos oferecer o melhor por que a Casa de Apoio da Abrace passa ser a casa permanente dessas mães e filhos nesse período de tratamento em Brasília. E a questão da alimentação saudável vai reativar o sistema imunológico. Está mais do que comprovado que o alimento traz saúde e também cura para diversas doenças. E tem que saber escolher e ter qualidade de alimentação”, explica.

Imunidade e saúde

Dai Ribeiro, engenheira ambiental e responsável técnica contratada através do Instituto Arapoti, lembra que no início do projeto em janeiro de 2018, as crianças em tratamento não podiam comer certos alimentos que possuem muitos agrotóxicos, como o tomate, pimentão, folhagens e verduras, considerando ainda o alto custo dos orgânicos para as famílias. Com o avanço da plantação na horta essas restrições alimentares foram sendo vencidas.

“Os alimentos orgânicos hoje têm um alto custo, e o que a Abrace está proporcionando é uma alimentação saudável, sem agrotóxicos, e sem custo, então é um grande ganho. E as crianças ainda podem ter acesso a horta, podem plantar e colher e ter esse contato com a natureza e aliviar o estresse do tratamento com o contato que tem aqui na própria horta”, acrescenta.

Elisângela de Souza Cordeiro, mãe de Denis Bleinner que tem 16 anos e desde 2014 é assistido da Abrace, sentiu esse impacto no tratamento do filho. “Nos dois últimos anos eu ia demais para o hospital com Denis, dava sinusite e gripava o tempo todo. Em 2019 eu não fui parar uma vez no hospital com ele”, destaca. Ela lembra que a cesta de orgânicos trouxe a possibilidade de manter uma alimentação saudável, seguindo recomendações dos próprios médicos, e auxiliou na melhora do quadro clínico do filho.

Abrace Sustentável

A iniciativa passou a integrar um projeto mais amplo, o “Abrace sustentável”, que reúne uma série de iniciativas para a promoção da saúde, bem-estar e sustentabilidade para crianças e famílias assistidas sob cinco eixos: resíduos, água, energia e qualidade de vida. Todos os eixos atuam juntos formando um ciclo: a água da chuva captada é direcionada para a horta, que também se aproveita da compostagem de resíduos como adubo. “É um projeto lindo que por causa de uma horta transformou a Abrace num espaço culturalmente preparado e transformado para ajudar ao meio ambiente. E a produção está indo de vento em polpa. Uma produção que nós não imaginávamos e por aí vemos a qualidade do adubo, da água, do cuidado. A terra agradece e a planta floresce”, enfatiza.

Atualmente 51% dos resíduos orgânicos são direcionados para compostagem, 32% dos resíduos seco são reciclados, 17% dos rejeitos vão para aterros sanitários de Brasília, captação de água da chuva para utilização na horta da Abrace, além da economia de 90% dos custos em energia elétrica com a utilização das placas fotovoltaicas (veja mais detalhes da reportagem sobre o tema).

Segundo Juliana Batista, gerente executiva da Abrace, a utilização da horta acompanhou um trabalho intenso e completo de conscientização sobre alimentação saudável junto a funcionários e famílias de assistidos, que recebem a cesta de orgânicos. “Foi muito completo esse trabalho. A técnica responsável conversou com funcionários, com as mães, levou as cozinheiras para ensinar como se faz a colheita. Foi um processo de aprendizado muito grande”, esclarece. A previsão é que a horta tenha continuidade e passe por melhorias na central de resíduos, com a construção de calçadas de acesso para cadeirantes e outras ações.

Texto: Mariana Camargo

Fotos do início do projeto há cerca de um ano, e da horta de orgânicos da Abrace atualmente